Essa poesia foi passada para a minha turma de faculdade em 1979, pelo professor, (Cirurgião Dentista) ANTÔNIO DE ANDRADE LIMA. O texto me tocou tão profundamente que guardei e mantenho a cópia até hoje comigo. Agora compartilho com você!
Hermógenes Meira
COMPOSIÇÃO POÉTICA DE FIDELIS ALVES
Destroço de gente, quase oco
olhos encovados, boca rasgada,
fartamente,
deixando à mostra, um toco
de osso
que já foi dente;
Mais ao centro, uma fenda que nos diz
onde era situado o nariz;
E aos lados, então, duas covas parelhas
que serviram desgraçadamente
a um par de orelhas.
Dize-me troféu humano,
a quem serviste neste mundo:
A um demente?
A um soberano?
A um rude ou alguém de invulgar talento?
A um reles vagabundo?
Ou a um nobre opulento?
E onde?
O despojo nada responde
naturalmente
posto que é resto de carcaça,
pedaço aliás de cemitério. Sua argamassa,
fragmento enfim que é algo mistério.
Agora reparo:
A caveira pelos modos,
ri da gente
E de todos escarnece!
E embora silente,
ela parece
que esta a dizer:
Vaidade, orgulho, ambição, riqueza,
arrogância, luxo material, beleza,
é tudo nada.
É tudo zero.
Ó pobre humanidade,
eu desejo,
eu quero
que veja em mim de todos o fim,
a grande realidade
Aracaju, maio de 1979.